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PREFÁCIO DA EDIÇÃO
“AS REGRAS DO JOGO”
Escrito por Carlos Eduardo Mansur
Sempre que uma mesa redonda de TV inicia um bloco dedicado a debater as decisões dos árbitros na rodada, boa parte do público já se prepara para ouvir algumas expressões que dominam o jogo atual: movimento antinatural, ampliação da área do corpo... Elas fazem parte do jogo e, para o bem da boa informação ao espectador, devem ser contempladas.
Mas quando esta edição da Rebote anuncia que as próximas páginas terão as regras do futebol como linha mestra, você, que se prepara para folhear esta publicação absolutamente original em concepção e realização, pode ter uma certeza: nenhum destes termos vai aparecer. Aliás, é até compreensível que um de seus idealizadores dedique tantas linhas do prefácio buscando definir conceitualmente a Rebote. Porque, de fato, o que se segue tem tamanho ar de frescor, que não é simples resumir numa frase. A Rebote fará você pensar o futebol sobre ângulos raramente – ou nunca – visitados. Ou, ainda mais importante: a Rebote fará você recuperar o prazer de ler sobre futebol.
Afinal, quem já imaginou traçar um paralelo entre um funcionário público romeno, dedicado a fantasiar sobre uma radical reforma nas regras, e um desconhecido juiz sergipano? E como regras, em futebol, podem ser um tema bem mais amplo do que o livro com as 17 leis do jogo, o leitor será brindado com uma visão sensível, e cheia de lugar de fala, sobre a importância de revermos os códigos vigentes e trabalharmos pela definitiva inclusão da mulher. Ou, ainda, talvez possamos aprender que, por mais que o tal livro diga que o vencedor de um jogo é aquele que faz mais gols, há vezes em que enxergar a verdadeira essência do futebol pode mostrar o oposto: mesmo num 13 a 1.
Ao terminar a leitura, você, além da certeza de ter dedicado tempo a textos deliciosos, exemplares de vida inteligente no pensar sobre futebol, verá o quanto é rico descobrir que o jogo pode ser consumido das mais diferentes formas. Assim como suas leis. Numa mesma publicação, convivem uma minuciosa pesquisa, cheia de contexto social, sobre a história das regras, e um ensaio que, mesmo sem perceber, nos sugere que, fossem eles argentinos, Kant e Nietzsche seriam líderes das seitas Menotista e Bilardista. Provavelmente, você nunca leu uma correlação tão inteligente entre as 17 regras do jogo e as noções de coragem e medo.
Já houve quem dissesse que o futebol se joga como se vive. É verdade. E a Rebote, em seis textos que merecem sua atenção linha por linha, terminará de convencê-lo de que futebol e vida são temas indissociáveis.
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